Carlos MInc, AIDS, Homofobia, Papa e burrice

 

Dá até desânimo, mas vamos lá. Notícia do dia 18 de maio: Minc critica a Igreja ao lançar conselho LGBT. Há muito tempo em que não leio tanta besteira em tão poucas linhas. Diz o gênio:

"Tem alguns momentos em que a Igreja erra feio. Um deles é a questão da camisinha. Se a gente fosse atrás da Igreja, quantas pessoas não estariam doentes?", discursou o ministro, em meio a aplausos da plateia.

A platéia aplaude porque é só o que sabe fazer. Se a platéia e o ministro soubessem também pensar, iriam se dar conta da estupidez sem tamanho que incensam. Sabe o que diz “a Igreja”?:

§2337 A vocação à castidade A castidade significa a integração correta da sexualidade na pessoa e, com isso, a unidade interior do homem em seu ser corporal e espiritual. A sexualidade, na qual se exprime a pertença do homem ao mundo corporal e biológico, torna-se pessoal e verdadeiramente humana quando é integrada na relação de pessoa a pessoa, na doação mútua integral e temporalmente ilimitada do homem e da mulher.

§2362 "Os atos com os quais os cônjuges se unem íntima e castamente são honestos e dignos. Quando realizados de maneira verdadeiramente humana, significam e favorecem a mútua doação pela qual os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido." A sexualidade é fonte de alegria e de prazer:

O próprio Criador… estabeleceu que nesta função (i.é, de geração) os esposos sentissem prazer e satisfação do corpo e do espírito. Portanto, os esposos não fazem nada de mal em procurar este prazer e em gozá-lo. Eles aceitam o que o Criador lhes destinou. Contudo, os esposos devem saber manter-se nos limites de uma moderação justa.  (Catecismo da Igreja Católica)

Mais do que jamais poderiam conceber o ministro e seus ouvintes, a Igreja trata o sexo como ato extremamente digno, prazeroso e muito profundo. Justamente por isso deve estar cercado de cuidado e respeito. Portanto, senhor ministo falastrão, se “a gente fosse atrás da Igreja”, problemas derivados da sexualidade simplesmente não existiriam. É um ato de extremada ignorância e falta de honestidade intelectual proferir tais estultices perante uma platéia absolutamente condicionada e ignorante e, esta sim, preconceituosa em relação ao que diz a Igreja.

Mas o ministro populista continua:

"Outra questão é a da homofobia. Como é que uma religião pode dizer que é fraterna e solidária com todos se pressiona os parlamentares a não aprovarem a lei que criminaliza a homofobia?", indagou, em seguida, o ministro. Para ele, quem cria obstáculos à aprovação do projeto de lei "é corresponsável pela multiplicação dos crimes que nada têm de fraternos e solidários". Segundo Minc, 3 mil pessoas morreram no País em dez anos por causa de crimes homofóbicos.

Obviamente a questão é dupla (mas só quem sabe pensar é que acompanha. Caso diferente daquele do ministro):

1. Sobre a lei: Quando se refere à lei, o ministro está se referindo ao Projeto de Lei 122/2006, que tem por objetivo “coibir a discriminação de gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero”.

Ora, eu desafio qualquer crítco da Igreja a apontar algum comentário ou posicionamento oficial da mesma, que propugne a violência ou a descriminação por conta de homossexualidade. Ao contrário, como vou apontar no segundo item, a Igreja professa em documentos públicos e oficiais, vertidos para inúmeros idiomas, que homossexuais devem ser respeitados e acolhidos pois são seres humanos e filhos de Deus como toda criatura humana.

Aquilo a que a Igreja se opõe firmemente são as derivações de tal lei, a partir de artigos redigidos por alguém que simplesmente não sabe escrever. Há lá coisas do tipo:

Art. 20. § 5º O disposto neste artigo envolve a prática de qualquer tipo de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória, de ordem moral, ética, filosófica ou psicológica.”

Se você é um pouquinho esperto, perceberá que a Igreja estará incorrendo em crime ao reprovar ética, filosófica e teologicamente a prática homossexual como pecado. Assim como qualquer um que se manifeste ainda que teoricamente sua discordância. Fala-se ainda em punição por recusa de fornecimento de bens etc. (alguém pensou aí na Eucaristia?). O que ocorre é que  lei é problemática. E pelo amor de Deus vamos parar de utilizar a palavra “homofobia”. Não se trata de medo ou aversão, mas de um posicionamento contrário. Daqui a pouco os direitistas vão ser acusados de “sinistrofobia” ou coisa que o valha. Criminalizar posicionamento teórico é absurdo em sua própria natureza.

2. Sobre o que diz a Igreja: Vamos direto ao que diz a Igreja:

§2357 CASTIDADE E HOMOSSEXUALIDADE A homossexualidade designa as relações entre homens e mulheres que sentem atração sexual, exclusiva ou predominante, por pessoas do mesmo sexo. A homossexualidade se reveste de formas muito variáveis ao longo dos séculos e das culturas. Sua gênese psíquica continua amplamente inexplicada. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves, a tradição sempre declarou que "os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados". São contrários à lei natural. Fecham o ato sexual ao dom da vida. Não procedem de uma complementaridade afetiva e sexual verdadeira. Em caso algum podem ser aprovados.

§2358 Um número não negligenciável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente enraizadas. Esta inclinação objetivamente desordenada constitui, para a maioria, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar a vontade de Deus em sua vida e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar por causa de sua condição.

§2359 As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes de autodomínio, educadoras da liberdade interior, às vezes pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem se aproximar, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.

Renovo o desafio de que se encontre algum posicionamento oficial da Igreja que vá em sentido contrário ao explícito acima. O que ocorre é que os críticos da Igreja têm um discurso antropológico absolutamente acrítico e inconsistente que nem sequer consegue estabeler bases minimamente sólidas para a construção da idéia de sexualidade como em processo. Chamar a Igreja de “homofóbica” é, como costumo dizer, ou ignorância ou má-fé.

6 comentários Carlos MInc, AIDS, Homofobia, Papa e burrice

  1. Alexandre

    Acontece que hoje ir de encontro à doutrina da Igreja Católica se tornou, sobretudo, passatempo de pseudo-políticos, pseudo-teólogos, pseudo-filósofos, pseudo-pseudos e afins. Por algum motivo, que muito provavelmente você já deva ter menciona, torna-se divertido e extremamente interessante criticar todo e qualquer posicionamento da Igreja em relação a qualquer coisa.

    Parece que ser populista ao fazer discursos e pronunciamentos é mais interessante do que ser coerente.

    []s

  2. G. Ferreira

    Caríssimo Alexandre.

    Pois é, a Eclesioclastia, ou o ódio obstinado à Igreja, tem sido a tônica de grande parte da imprensa e dos críticos. Já o papa Bento XVI alertou para o fato de que, ao longo da história, as sociedades escolhem certos lados ou instituições para que lhe seja, de antemão, negada toda a possibilidade de estar correta. É o que acontece com a Igreja hoje. Além do mais, você aponta outro mal contemporâneo, a saber, a falta de coerência. Resta ver o que teremos no futuro.

    Abs.

  3. Marcelo

    Infelizmente, esse ódio irracional contra a Igreja revela como é fácil, nos dias de hoje, um ministro de Estado fazer afirmações tresloucadas sem escândalo algum. Creio que esse estado de coisas é fruto de uma sociedade que perdeu completamente suas referências históricas e morais. Ou, resumindo, uma sociedade sem identidade. Como é possível que haja alguma identidade em algum grupo social, se esse grupo é instado, por meio da cultura do “politicamente correto”, a não admitir a existência de conceitos como “moralmente bom” e “moralmente ruim”? Como esperar que os indivíduos tenham personalidade própria se eles não têm nenhuma intenção de fazer escolhas ou de exigir alternativas para tal? Basta conversar sobre qualquer assunto moral com um cidadão comum, ou mesmo sobre política, para ver como nossas existências são quase que robóticas.

    Estou lendo um livrinho maravilhoso do C. S. Lewis: “A abolição do homem”. Percebe-se que esse problema tem origens antigas, e que o homem de hoje é mais escravo do que há dois séculos atrás. Lewis tinha um quê de profeta.

    Abraços.

  4. Gabriel Ferreira

    Pois é, Marcelo. E a situação só piora. A quase institucionalização da eclesioclastia é sinal da decadência até mesmo de ideais puramente mundanos, já que se obstrui todo e qualquer possibilidade de acesso e de verdade a um grupo (imenso) que é a Igreja.

    Grande abraço.

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