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Há uma melhor estratégia para submissão de artigos científicos?

Kevin Vallier faz uma detalhada análise sobre qual seria a melhor estratégia para a submissão de artigos para periódicos acadêmicos:

I was implicitly assuming the best strategy was to start with the best journals, receive rejections, and then work my way down, lest my piece get accepted by a sub-par journal first. But now I’m thinking it may make more sense to start from “the bottom” or at least mid-tier journals and work my way “up” if I can assume that my pieces will generally be rejected several times, even by the mid-tier journals. I think I was overestimating the risk of publishing my work in mid-tier journals and underestimating how much rejections can improve the quality of the paper. In light of this, I want to construct a “journal ladder” that political philosophers and political theorists can “climb” towards the best journals.

A tese central – que ele pretende demonstrar com fórmulas e gráficos – é que, por vezes, seria mais vantajoso inverter a sequência mais intuitiva de submeter o artigo primeiro para periódicos melhores e mais respeitados e, só então, caso se obtenha uma rejeição, submeter a periódicos menos valorizados, sucessivamente. Segundo Vallier, há um “índice de corte”, fornecido por sua equação, que estabeleceria um critério razoável para tal inversão. Embora seja bem interessante, há que se considerar alguns outros aspectos:

a. Vallier fala de como rejeições podem ser construtivas e melhorar o trabalho. Isso é verdade se e somente se as rejeições vierem acompanhadas de um comentário ou indicações. Mas isso não parece ser o comportamento “default” das publicações de Filosofia e, especialmente no Brasil, isso é praticamente inexistente. Some-se a isso a diferença de qualidade do feedback dado por uma parecer desfavorável vindo de uma publicação top – como pareceristas teoricamente melhores – e o parecer desfavorável vindo de uma publicação não tão boa;

b. A taxa de aceitação por parte dos periódicos varia de acordo com as áreas, mas também entre periódicos específicos dentro das áreas, o que é bastante difícil mensurar. Por exemplo, há uma diferença considerável na taxa de aceitação/rejeição em se submetendo um artigo sobre Nietzsche para um periódico top, mas geral, em comparação com os Cadernos Nietzsche;

c. Por fim, há um incômodo byproduct dessa inversão. Para aferir mais propriamente a sua taxa de aceitação em um periódico de médio porte, você deve ter artigos aceitos por elas. E, ao tê-los aceitos, como saber se eles não o seriam em periódicos mais qualificados? Aquela taxa de corte é uma estimativa que, por vezes, pode acabar “queimando” o seu melhor artigo em um periódico “menor”. Até onde vejo, o cálculo também deve levar em conta a resposta sincera à pergunta “Quão bom/sofisticado/finalizado é o meu artigo dentro do tema/problema que estou tratando?” Isso porque simplesmente há artigos que são resultados intermediários, ou aproximações mais gerais ou, ainda, introdutórias e, muito provavelmente, esses artigos não têm “poder de fogo” contra artigos mais especializados/sofisticados/com resultados mais bem acabados.

Leia a análise completa de Vallier aqui.

E você, o que acha? Qual a sua “estratégia”?

G. Ferreira

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G. Ferreira

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