Missão dada é missão cumprida

Então que eu assisti Tropa de Elite. E aqui a primeira ressalva dos milhares de “eventos” que a película originou: eu assisti no cinema. Sim, pois a versão “pirata” (ou genérica, para os politicamente (in)corretos) está tão ou mais divulgada que a edição final ou oficial a ponto de ter adiantado em uma semana a estréia nos cinemas.

Não vou comentar sobre a violência, a sanguinolência, a corrupção etc. Isso vocês leiam em qualquer revista ou jornal com “consciência social” (referência para quem assistiu o filme…). Além de dizer que o filme é muito bem feito, queria fazer um ou dois comentários sobre o já clássico filme.

É óbvio que as pessoas vibram no cinema, principalmente nas horas em que as já famigeradas “citações” são feitas (”Xerife, o senhor é um fanfarrão.” ou “Faca na caveira e nada na carteira”, e por aí vai…). Nos momentos de violência então, vai-se ao delírio. Mas uma coisa me chamou a atenção: embora 95% das pessoas não perceba e, salvo se eu estou muito enganado, uma boa parte da crítica que o filme veicula sobra pras classes média e alta. Exatamente a faixa de pessoas que pode pagar R$ 15,00 por cabeça para ver o filme nos cinemas… “Tropa de Elite” tem o mérito de colocar também em primeiro plano, a estrutura da práxis de certos grupos. É patente que um dos objetivos do filme é explicitar a relação entre o usuário de drogas e o tráfico.

Mas também é ululante o apontamento da hipocrisia das passeatas com todos de branco contra a violência dos traficantes, que assassinam um casal (a menina é filha de um grande empresário…); os mesmos que compram no C.A. da universidade, maconha trazida do morro por um dos estudantes. Ok, isso por si só já é bastante original.

Mas também assusta que quase a totalidade das pessoas sai falando da eficiência do BOPE e de como eles são úteis para a sociedade, e como o filme é “realista”, sem se darem conta de que o realismo não se dá apenas na descrição do par polícia/traficante, mas também diz algo sobre nós próprios, os espectadores. Nós que nos sentimos seguros e contentes por existir uma polícia que invade o morro com táticas de guerra e usa sacos plásticos para arrancar informações. Mas ninguém se pergunta se na Dinamarca existe um batalhão equivalente ao BOPE… Em qualquer lugar (sério) do mundo, o capitão Nascimento seria preso por tortura e o seu comportamento seria execrado pela sociedade. Mas por aqui, os mesmos que fumam seu “baseadinho” e continuam exercendo sua “consciência social” nas passeatas ou nas ONGs de fachada que acabam por servir de ponto de encontro, comitê – como mostra o filme – e ainda por cima, com o descaso em relação aos “atendidos” pela instituição (ou por que ninguém havia se dado conta de que o coitado do moleque tinha problemas de visão???), são os que legitimam os “capitães Nascimento”.

Ou é à toa que o filme termina com uma arma de calibre 12 apontada para a câmera (i.e., para o público), em zoom e por preciosos segundos?

3 comentários Missão dada é missão cumprida

  1. j?ssica oliveira santos

    Tropa de elite (filme)
    Bom ,realmente o filme ? um pouco violento e mostra a rela??o entre traficantes do morro e policiais.
    Eu concordo com voc? quando diz que o cinema vai ao delirio com as cenas de viol?ncia , ? uma pena que s? filmes de viol?ncia fazem a sociedade brasileira se interessarem por cinema. Mas eu particulamente gosto da realidade que o filme passa.

    j?ssica oliveira santos P.E.T (senac) – S?o Paulo
    E-mail: [email protected]
    Docente de tecnologia: Fabiano

  2. Caroline Mello de Souza

    O filme retrata o dia-a-dia do grupo de policiais e do Capit?o Nascimento (Wagner Moura), membros do Bope (Batalh?o de Opera??es Policiais Especiais). Em 1997, Nascimento quer sair da corpora??o e tenta encontrar um substituto para seu posto. Paralelamente, dois amigos de inf?ncia, que se tornaram policiais, se destacam em seus postos; para acabar com a corrup??o na pol?cia, eles t?m o objetivo de entrar para o Bope.

    Caroline Mello Senac Turma C08 PET
    Docente de Tecnologia Fabiano

  3. Paulo Enrico

    Bom, devo discordar da opinão da Jéssica. Eu não gosto nem um pouco da realidade que o filme passa, mas, gostei do filme, e vou assistir a cotinuação que deve estar chegando ao cinema. Gostaria de fazer uma observação, a quem de fato interessaria acabar com a corrupção, ou o crime? Como foi dito o banditismo legitima a atitude do Capitão, e a atitude dele justifica a postura do bandido. O tráfico não é uma atividade violenta, que gosta de toda essa repercução, o trafico é um comércio e para que o lucro apareça é necessário a calma, ao contrário de outros tipos de crimes, a violência não faz parte do negócio. Não acredito que operações armadas e repressão sejam o caminho para o fim do trafico, e questiono o resultado destas operações. A droga não nasce no morro, nem na favela, não temos plantações de coca ou de maconha nesses lugares a droga é levada para lá, com um pouco de observação e inteligência se descobriria quem recebe e como chega essa droga é só prender esse entregador, ou seguir ele um pouquinho e prender todo mundo, mas, ai como justificar os “nascimentos”, e tantas outras coisas. É trite viver em um lugar em que política significa agradar a todos, para conseguir apoio, onde para os amigos tudo! e para os inimigos a Lei, do cão! E viva é carnaval!

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