Bibliotecas domésticas melhoram desempenho de estudantes

Bem, é meio constrangedor me animar com algo tão óbvio. Contudo, no atual cenário, a pesquisa  feita pelo departamento de Sociologia da Universidade de Nevada aponta na direção radicalmente oposta àquela das pedagogias modernas e da invasão da tese da tecnologia como medium necessário ou privilegiado para o aprendizado. Com dados colhidos em 27 países, um grupo de pesquisadores constatou a relação direta entre a presença de livros nas estantes domésticas e um aumento significativo do rendimento escolar das crianças.

 

Abaixo, o Abstract do artigo final da pesquisa:

Abstract

Children growing up in homes with many books get 3 years more schooling than children from bookless homes, independent of their parents’ education, occupation, and class. This is as great an advantage as having university educated rather than unschooled parents, and twice the advantage of having a professional rather than an unskilled father. It holds equally in rich nations and in poor; in the past and in the present; under Communism, capitalism, and Apartheid; and most strongly in China. Data are from representative national samples in 27 nations, with over 70,000 cases, analyzed using multi-level linear and probit models with multiple imputation of missing data.

Keywords: Social stratification; Education; Books; Scholarly culture; Elite closure; Cultural capital; Home literacy environment; Culture; Schooling; Cross-national

 

Pequena questão: a média brasileira de leitura é ridiculamente baixa, a qualidade das traduções é, em média, risível e o acesso a livros importados é caro. E ainda há escolas que não possuem bibliotecas… O que esperar do nosso (já enorme) déficit educacional?

 

Leia também o artigo do First Things sobre a pesquisa.

Convem ler um post que escrevi em fevereiro de 2008, que aponta para estatísticas de leitura no país

G. Ferreira

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  • Pois é, caro amigo. Óbvio, animador e triste ao mesmo tempo... que beleza de "tricotomia", não? Rs...

    A questão agora, penso eu, é como reverter a verdadeira ojeriza a livros que as crianças/adolescentes/whatever têm e que só cresce com o passar dos tempos. Como sabe, tenho dois irmãos de 18 anos e é impressionante a resistência à leitura que sempre houve, mesmo com minha mãe e eu sendo bons leitores e com nossa casa abarrotada de livros! Parte dessa repulsão garanto que é pelo patético e falho ensino que eles tiveram nos primeiros anos escolares e, acredito, isso deva ser costume na maioria das escolas (principalmente estaduais) por aí.

    Realmente vivemos num país onde a leitura e o gosto por ler parece ser a última opção na lista de coisas a fazer (ou ensinar) de alguém...

    Abraço, meu velho!

  • É uma boa notícia para aqueles que, como eu, gostam de ter seus livros ao alcance da mão a qualquer hora, mesmo que a lista de leituras futuras continue crescendo... Um abração!!

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G. Ferreira

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